Seja devoto de Nossa Senhora – I

Este artigo inicia uma série de publicações que reproduzirão o livreto “Seja Devoto de Nossa Senhora”, cuja redação e diagramação foram coordenadas por mim. Este livreto foi enviado aos participantes da “Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!” para ajudá-los a conhecerem e amarem mais a Mãe de Jesus.

Apresentação

Carta à Santíssima Virgem

Tremendo de frio e de fome, Joãozinho caminhava aflito pela cidade de Paris. A guerra durara mais de 4 anos e  havia acabado com quase tudo… Ele tinha feito 6 anos e não sabia a quem recorrer. Em sua inocência, desejava escrever uma carta a Nossa Senhora. Mas, de que jeito?! Não sabia ler, nem escrever…

Afinal, numa esquina, um ex-combatente, de idade avançada, estava junto a uma pequena mesa e fumava seu cachimbo. Sua ocupação era oferecer serviços de escrivão.

— Bom dia, senhor, pode fazer-me o favor de escrever uma carta?

— Claro, menino! Eu cobro 50 centavos, mas tem que pagar à vista…

— Então me desculpe. — disse o garoto.

E já ia continuar seu caminho quando o velho soldado, sem poder ocultar sua surpresa, lhe perguntou:

— Olha aqui, garoto, por acaso você é filho de militar?

— Sim, meu pai morreu na guerra. E minha mãe ficou sozinha em casa.

— Mas nem você, nem sua mãe têm 50 centavos?! Eu acho que você quer enviar uma carta para ver se lhe arranjam algo para comer, não é? Venha aqui. Se eu escrever de graça para você e gastar uma folha de papel, não vou ficar mais pobre.

Com uma bonita letra, o homem começou a escrever: “Paris, 17 de janeiro de 1946”.

E ia começando a outra linha: “Ilustríssimo Senhor…”

— Como se chama a pessoa para quem você quer enviar a carta?

— Joãzinho respondeu: Não é um senhor… é… bem, quer dizer…

Contrariado o homem replicou:

— Essa é boa! Pois você não sabe a quem quer escrever?

Então, o menino, criando coragem disse:

— É para Nossa Senhora…

O velho franziu as sobrancelhas e disse num tom áspero:

— Garoto, você está brincando com um velho soldado? Olha, moleque… Saia logo daqui!

Joãozinho obedeceu e já estava indo embora tão calmamente que o velho, mudando de opinião pela segunda vez, disse:

— Nossa Senhora! Quanta miséria há nesta cidade de Paris!…

E acrescentou em seguida:

— Diga lá, menino, qual é seu nome?

— João.

— Mas, João de quê?

— João de nada…

O velho balançou de novo a cabeça e continuou: — Bom,… o que é que você quer dizer a  Nossa Senhora?

— Quero dizer que minha querida mamãe está dormindo desde ontem, às 4 horas da tarde, e que me faça o favor de acordá-la, porque eu não consigo…

O velho soldado, com as lágrimas descendo pelo rosto e com o coração apertado, começou a entender. E perguntou mais uma vez:

— Agora pouco você falou em comer, não foi?

A criança respondeu:

— É que estou com fome… mamãe deu-me o último pedaço de pão antes de adormecer… Há dois dias ela me dizia que não sentia mais fome…

Então, o velho perguntou: — O que você fez para acordá-la?…

— Beijei-a!, respondeu o menino.

— Mas não notou nada?

— Só que ela estava fria… Sabe, faz tanto frio lá em casa!…

— E ela tremia… não é?

— Não, senhor! As mãos dela estavam cruzadas sobre o peito e tão brancas como o senhor nem imagina… A cabeça, deitada para trás, fora do travesseiro, com os olhos meio fechados, parecia estar olhando para o céu..

O velho resmungou baixinho: — Eu já invejei quem tem mais do que eu…, mas tenho o que comer e beber… e essa pobre mulher… morreu de fome!

Aproximou-se da criança e a abraçou dizendo:

— Pronto, meu filho, sua carta já está escrita,

despachada e recebida! Vamos até sua casa…

— Sim, senhor!… mas por que o senhor está chorando? — perguntou o pequeno admirado.

— Não é nada, não, meu querido… é porque gosto de você… não sei por quê… Faz só quinze minutos que te conheço… Olha aqui, eu também tive mãe… Às vezes me lembro dela dizendo, quando eu fui embora de casa: “Meu filho, seja honrado e bom cristão!”

— Sabe, garoto, havia ali uma imagem da Virgem Maria que parecia sorrir para mim…  Quando era menino eu amava muito a Nossa Senhora! Olha, eu posso dizer que tenho sido honrado… mas, bom cristão… bem, é outra coisa!

Emocionado, o velho pensou: — Ah! minha mãe, pode ficar contente. Para onde a senhora está, eu também quero ir…

— Vou levar comigo este pobre anjo que nunca mais abandonarei, porque a carta que eu nem sequer cheguei a escrever, teve um duplo efeito: deu para  ele um pai e para mim, um coração. Amém!

 

Esta tocante parábola pode nos ajudar a compreender com que simplicidade e inocência devemos nos dirigir a Nossa Senhora, certos de que Ela sempre nos atenderá. Mãe incomparável, Ela interpreta nossos desejos e quer que tenhamos n’Ela a confiança de uma criança, em todos os momentos da vida.

Em todas as dificuldades, provações ou aflições, “escrevamos” também nossa singela carta a Nossa Senhora e tenhamos a Ela uma filial e confiante devoção.As comemorações do centenário de Fátima são uma ótima ocasião para recordar os motivos para sermos ardentes devotos de Maria.

Por isso, a Campanha “Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!” oferece este pequeno livro aos seus amigos e simpatizantes a fim de convidar  a  que juntos cresçamos no conhecimento, no amor e na confiança em nossa boa Mãe.

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