São Mateus, Apóstolo
Aqui seguem brevíssimas considerações a propósito de um homem que se chamava Levi, que era cobrador de impostos e tornou-se Mateus. Mais respeitosamente: São Mateus, Apóstolo e Evangelista.
Comecemos recordando que, na História da Redenção, Deus fez com que o anuncio da Boa Nova do nascimento do Salvador fosse feito pelos anjos, em primeiro lugar, para alguns humildes pastores de Belém.
Quando Nosso Senhor escolheu seus doze apóstolos, ou doze enviados, para espalharem a Boa Nova do Evangelho a todos os povos da terra, escolheu-os entre os pequenos, entre os menores e mais humildes.
Os dois primeiros discípulos escolhidos por Jesus foram dois irmãos, Pedro e André, pescadores que viviam do fruto de seu trabalho árduo e humilde. Também viviam da pesca outros dois apóstolos que ele escolheu em seguida: Tiago e João.
Mais extraordinário ainda é o fato de Nosso Senhor Jesus Cristo não ter escolhido seus apóstolos mais precisamente entre os santos. Também não os escolheu no interior do templo.
Os apóstolos escolhidos por Jesus foram recrutados nas praças públicas, entre a classe operária e mesmo entre funcionários da alfândega.
Convite a Levi
Caminhando, Jesus saía da cidade de Cafarnaum e dirigia-se para o mar da Galileia, onde costumava pregar à multidão.
Ao passar por determinado lugar avistou um publicano sentado numa mesa de cobrança de impostos. Seu nome era Levi e ele era filho de Alfeu, que também era chamado Mateus, e disse-lhe:
– Segue-me.
E aquele homem, ao ser chamado, abandonando tudo, levantou-se e seguiu Jesus.
Levi ofereceu a Jesus um grande banquete em sua casa.
Estando Jesus à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores que se sentaram à mesa com ele e também com os discípulos, que em grande número o tinham acompanhado.
Os fariseus e os escribas, vendo que Jesus comia com os publicanos e os pecadores, murmuraram e disseram aos discípulos:
– Por que motivo come o vosso Mestre com os publicanos e os pecadores e vós com ele?
Apesar de sua aparente piedade, da qual, aliás, se gabavam, estes escribas e fariseus estavam cheios de desprezo pelos outros.
Mas, mesmo assim, Jesus respondeu-lhes que os que têm saúde não tem necessidade de médico, mas os enfermos, sim. Ide, e aprendei o que vos digo: quero misericórdia e não sacrifício; porque não vim chamar os justos e sim os pecadores.
A Grande Bondade do Senhor
Quem ainda poderá desesperar, seja por causa de seus pecados, seja por causa de suas más inclinações?
Nosso Senhor é o médico capaz, não apenas de curar os doentes, mas de ressuscitar os mortos; um médico caridoso, que se sobrecarregará com as nossas doenças e as nossas iniquidades; um médico tão bom que se transmuda em remédio para os nossos males.
Mateus também não merecerá que o amemos e imitemos?
Era um homem de negócios e de dinheiro, um burocrata, um financista. Contudo, mal Jesus o chama, ele levanta-se, abandona tudo e segue-o e testemunha publicamente sua gratidão para com Jesus oferecendo-lhe um grande banquete.
A nós também o Senhor nos chama. Nós, que talvez nos julguemos muito melhores do que os “publicanos” de hoje.
Ele nos chama, talvez há já muito tempo: – Vinde e segui-me!
Qual nossa atitude? Como respondemos a esse convite? Atendemos a ele? Ficamos surdos ao seu apelo?
Roguemos ao bem-aventurado publicano, cuja festa celebramos neste dia 21 de setembro para que ele nos consiga a graça insigne de seguir o Senhor, do mesmo modo como ele o fez:
De publicano a Apóstolo
Levi foi transformado em apóstolo. E o apóstolo São Mateus perseverou até o fim.
A história posterior de Mateus foi edificante.
Depois de, no dia de Pentecostes, receber o Espírito Santo com a abundância de suas graças, ele pregou durante vários anos na Judeia às ovelhas perdidas da casa de Israel. Em seguida, levou a Boa Nova do Evangelho a nações longínquas, à Pérsia e à Etiópia.
Por fim, confirmou com o sangue as verdades que pregava.
No ano de 1080, Santo Alfano, arcebispo de Salerna, descobriu as relíquias de São Mateus, apóstolo e evangelista.
Ele apressou-se em comunicar o achado ao Papa Gregório VII, que o felicitou, e com ele a toda a Igreja Católica, numa carta datada do dia 18 de Setembro, na qual recomenda ao bispo as preciosas relíquias fossem dignamente veneradas.
São Mateus, rogai por nós!
São Mateus, ajudai-nos a seguir Jesus que nos chama!