Maravilhosa “neta” do Criador
Mais de uma vez temos considerado como o senso do maravilhoso é algo que possui profundo vínculo com o amor a Deus, pois se trata de um meio superiormente apropriado para conduzir nossa alma ao desejo das grandezas divinas. Noutras palavras, Deus criou maravilhas para elevar o homem até Ele.
Por exemplo, ao contemplarmos um lindo pôr-de-sol, é-nos dada a oportunidade de louvar, de modo especial, ao Criador. Razão pela qual um São Francisco de Assis cantou o “irmão sol”: porque é maravilhoso, e na sua maravilha ele ergue o coração humano até o Eterno, mais do que o poderia fazer, digamos, um grão de poeira reluzente ao brilho do mesmo sol.
O maravilhoso é a arte produzida por Deus para externar a sua própria magnitude aos nossos olhos.
Acontece, porém, que o nosso maravilhamento não incide apenas sobre as belezas saídas diretamente das mãos do Onipotente, mas também sobre aquelas engendradas pelo próprio homem. Este é a obra-prima criada por Deus, e os esplendores arquitetados pela humanidade ao longo dos tempos, “filhos” do homem, são “netos” de Deus — como disse Dante na Divina Comédia. E, portanto, através da análise desses “netos” podemos nos enlevar com esse imperecível e perpétuo avô que jamais envelhece, Deus Senhor nosso.
A natureza foi feita por Deus. As obras de arte foram feitas pelo homem, criado e redimido por Deus. Como igualmente já o dissemos, tudo quanto há de bom, de grande e de belo na Terra é fruto do preciosíssimo Sangue de Cristo, efundido no alto do Calvário para a regeneração do mundo. Desta fonte de méritos infinitos e de graças inapreciáveis nasceram as maravilhas do engenho humano. As águas do batismo concorreram para ordenar e requintar o senso do maravilhoso naqueles que as receberam e que passaram a desenhar o perfil admirável — e até hoje admirado — da Civilização Cristã.
Citar um exemplo?
O que sempre nos vem à mente, quando se trata de ilustrar o maravilhoso, o sonho transformado em realidade nesta Terra. O que tanto nos toca a alma, por ter sabido unir de forma insuperável essas duas criaturas divinas: céu e água.
Simplesmente, Veneza.